Carreira: Almada, Faro
A peça desenrola-se vinte anos após o início da carreira do presidente. Já nada funciona no país. Os dignatários deixam-se matar pelos “anarquistas”, entre os quais se encontra sem dúvida o filho do casal presidencial, fugido numa certa noite sem dizer água vai. Nada funciona, mas tudo continua. Antes de ir a mais um enterro (o de um coronel morto num atentado), o presidente recebe massagens e a sua mulher maquilha-se. É essencialmente ela que fala durante a primeira parte da peça. Durante mais de uma hora a presidenta martiriza a sua criada, chora o seu cãozinho morto no atentado, cita o seu capelão por tudo e por nada, e invoca incessantemente as duas causas da situação desastrosa em que o país se encontra: “Ambição, ódio: mais nada”.
Na segunda parte tem a palavra o presidente, que se encontra em viagem por Portugal com a sua amante: uma actriz de segunda categoria em quem ele vê “o génio da arte dramática”. O palco e o teatro político são, para o presidente, a mesma coisa. Mas tanto no seu caso como no da sua mulher, a logorreia esconde uma angústia: a da provável traição do seu filho.
Classificação Etária: Maiores de 12 anos
Texto: Thomas Bernhard
Tradução: José A. Palma Caetano
Encenação: Joaquim Benite
Intérpretes: Alberto Quaresma, Carlos Santos, Luís Ramos, Luís Vicente, Neuza Teixeira, Teresa Gafeira, Teresa Mónica
Cenário: João Luís Carrilho da Graça
Figurinos: Sónia Benite
Iluminação: José Carlos Nascimento
Assistência de Encenação: Rodrigo Francisco
Assistência de Cenografia: Susana Rato
Arranjo Musical (Ludwig van Beethoven, Marcha fúnebre à morte de um herói): Manuel Jerónimo
Desenho de Som e Operação de Luz e Som: Guilherme Frazão
Penteados e Maquilhagem: Sano de Perpessac
Adereços: Paulo Horta
Direcção de Montagem: Carlos Galvão
Direcção de Cena: Alberto Quaresma
Direcção de Palco: Marco Jardim
Montagem: António Cipriano e António Nunes
Confecção do Guarda-Roupa: Alfaiataria Delfim, Manuela Vaz e Piedade Antunes
Fotografia de Cena: Da Maia Nogueira e Susana Rato
Vídeo: Cristina Antunes e Jorge Freire
Participação Especial: Banda Filarmónica de Faro
“O espectáculo explora até à exaustão a capacidade dos actores Teresa Gafeira e Luís Vicente de jogarem com um texto que recorrentemente denuncia as personagens que interpretam como uma caricatura elaborada ao longo dos cerca de 20 anos em que o Presidente exerceu o Poder. É um retrato cruel, resultado dos longos anos em que o poder foi esculpindo no corpo e no espírito, deformidades várias. (…) As interpretações de Teresa Gafeira e de Luís Vicente são surpreendentes pelo poder extraordinário que têm de levar o espectador à irritação extrema. (…)
(…) A cenografia do espectáculo, a cargo de João Luís Carrilho da Graça acentua a personalidade dos dois protagonistas.(...) um texto ousado com as capacidades de excepção dos actores Teresa Gafeira e Luís Vicente.”
Ana Oliveira, O Algarve, 22/01/2009
“Luís Vicente é irrepreensível como presidente, o mesmo se podendo dizer dos interlocutores que têm o ingrato papel de quase não dizer nada, apesar de estarem presentes, nomeadamente Teresa Mónica, a criada, e Neuza Teixeira, a amante.”
João Carneiro, Actual – Expresso, 06/12/2008
“E, na co-produção da CTA e da Companhia de Teatro do Algarve, Teresa Gafeira tem uma exigência acrescida. (…) O que na mulher é capricho, nele será verborreia; o que nela é futilidade, nele torna-se convencimento. Ora Luís Vicente, excelente, destaca-se de longe no entendimento da sátira e dos duplos sentidos.”
Rosário Anselmo, Visão – Sete, 04/12/2008