Carreira: Faro, Albufeira, Portimão, Lagoa, Loulé, Tavira, Vila Real de Sto. António, Coimbra
No fundo, a questão da relação homem/mulher é, em múltiplos aspectos, hoje como no passado, uma questão de antropofagia. Diz Unanmuno que o homem não pode viver senão de fome. A mais viva expressão de amor é “Eu comia-te!” (...) Só que hoje já não comemos as carnes; mas podemos e devemos comer as almas. E insiste ele em que assim seja, apesar da dolorosa digestão, para se existir de verdade.
É desta matéria, na sua abrangência real e metafórica, que fala este espectáculo em que, uma vez mais mas segundo diverso paradigma semiológico, procuro a perfeição do signo. Agora, nesta nova encenação (posto que já anteriormente, em 2000, tinha abordado estes mesmos textos num outro espectáculo - Mulher, mulheres), basicamente procurando em alguns momentos uma maior incidência expressiva menos próxima do naturalismo no que respeita ao trabalho das actrizes.
Quanto ao fim último deste trabalho, reitero o que escrevi em 2000: diz o Maurice Blanchout que toda a obra de arte só o é porque enferma de imperfeição. E a Franca Rame lança o desafio: Há dois mil anos que choramos. Vamos agora rir, rir de nós próprias. Pois que o riso e a imperfeição constituam entre aplausos ou pateada um bom prato de alma. Bom apetite!
Classificação Etária: Maiores de 16 anos
Textos: Jean McConnell, Dario Fo/Franca Rame e Charo Solanas
Tradução: Maria de Fátima Pena dos Santos
Dramaturgia e Encenação: Luís Vicente
Intérpretes: Elisabete Martins e Glória Fernandes
Assistência de Encenação: Tânia Silva
Cenografia: Tó Quintas
Figurinos: ACTA
Desenho e Operação de Luz: Paulo Santos
Sonoplastia: Paulo Santos
Operação de Som: Tânia Silva
Produção Executiva: Elisabete Martins
Secretariado: António Marques
Direcção de Produção: Luís Vicente
“Estão desesperadas, nervosas, mas ainda conseguem rir delas próprias. Foi assim há oito anos e assim continua a ser, mesmo depois da viragem do século. Esta é, pelo menos, a visão de Luis Vicente, que decidiu fazer um remake da peça «Mulher, mulheres» agora sob o titulo de «Mulheres.só», e trazer para a cena alguns dos fantasmas que perseguem o universo feminino (...) deu nova dinâmica ao trabalho das actrizes Elisabete Martins e Glória Fernandes, a quem coube agora a tarefa de interpretar um diálogo e dois monólogos.»
Filipe Antunes, Barlavento, 18/10/2007